No mês passado a Cobogó das Artes fez um retorno triunfante aos palcos do Recife. Perdoa-me por me traíres, de Nelson Rodrigues e Sonho de uma noite de verão, de William Shakespeare levaram o público – quase 900 pessoas distribuídas em quatro dias de apresentações – ao teatro. E se a última peça trouxe elfos, fadas e duendes, agora é a vez de bruxas, trevas e feitiçaria. Dia 16 de outubro, às 19h, no teatro Barreto Júnior, a Cobogó vai apresentar Lady Macbeth, do bardo Shakespeare. De acordo com o crítico literário Harold Bloom, o texto é o mais tenebroso dos dramas shakespearianos.
A história acontece na Escócia do século XI. Os generais Macbeth (Ednilson Azevedo) e Banquo (Ericsson Chagas) voltam vitoriosos de uma guerra. No regresso, eles se deparam com três bruxas que fazem uma profecia: Macbeth ganhará um título real e depois será rei; já os filhos de Banquo serão os próximos soberanos. O primeiro presságio logo ocorre, então Lady Macbeth (Kamila Ferreira) fica entusiasmada com a possibilidade de se tornar rainha. Perversa e ardilosa, ela convence o marido de que o assassinato do rei (Adriano Portela) é um passo imprescindível para a realização da profecia. A partir daí inúmeros fatos envolvendo ganância, traição, cobiça e morte passam a acontecer, e o espectador ainda terá um final surpreendente.
A adaptação é de Adriano Portela, fundador da Cobogó das Artes, e a direção é de Portela e Polyana Luna. “Esta peça é uma das mais contundentes de Shakespeare. Na época da sua primeira encenação – segundo os pesquisadores foi em 1611, no Globe Theatre, em Londres –, as mulheres não podiam participar das montagens e os homens eram que interpretavam os papéis femininos. Mas, na minha concepção, a Lady Macbeth é a mente pensante desta história. Juntei essa teoria e dei vida a outras personagens mulheres fundamentais para o contexto, e agora essa soberania feminina faz bastante sentido em nossa adaptação”, pontua Portela.
“Fui convidada por Portela para estrear na direção. Fico imensamente feliz por essa oportunidade e acredito que estamos fazendo um trabalho lindo. Portela precisava desse olhar feminino em sua adaptação e eu estou me dedicando ao máximo para suprir essa necessidade, ele me escuta e estamos em total sintonia”, acrescenta Polyana Luna.
O visual gráfico da peça é de responsabilidade de Antonio Vallença. Ele que fez um trabalho surpreendente com as artes de Perdoa-me por me traíres e Sonho de uma noite de verão, agora traz um traço mais sombrio e elegante ao mesmo tempo, bem no clima da peça mais sangrante de Shakespeare. “O bom de trabalhar em uma escola de artes é isso, explorar a sua criatividade. O que dá muitas inspirações para criar um material diferente para cada espetáculo. E receber a alegria dos alunos em se vê estampado em um cartaz é muito gratificante.
“Vamos fechar o ciclo dos espetáculos Cobogó em grande estilo. Montar Lady Macbeth é mais que um desafio, é levar o nome do maior dramaturgo de todos os tempos para um momento em estamos encerrando uma fase e já iniciando outra, porque a arte é este ciclo criativo-amoroso sem fim”, diz Rafaella Gomes, diretora de Produção. Ela também garante ao público que o espetáculo vai seguir todos os protocolos de prevenção ao COVID-19.
Na sua equipe, Portela também conta com a atriz e bailarina Vanessa Sueidy na coreografia e trabalho de corpo, com o cosplayer Pedro Hugo na coreografia de luta. Camylla Herculano, figurinista da casa, desta vez trabalhou em parceria com cosmaker Chris Oliveira, que produziu as roupas. As fotos de divulgação são de Rafaella Gomes; a luz do espetáculo é de Horácio Falcão e a maquiagem é de Alê Moura e equipe.
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